Um em cada quatro brasileiros é plenamente alfabetizados! E os outros 3? Bom, antes da matemática, um pouco de português.
O Indicador de Alfabetismo Funcional, Inaf, medido pelo Instituto Paulo Montenegro, pesquisa a capacidade de leitura, escrita e cálculo e aponta o nível de "alfabetismo funcional" da população entre 15 e 64 anos. O inaf separa a população em quatro níveis de alfabetização: analfabeto, rudimentar, básico e pleno.
Quando foi criado, em 2001, apontava que 12% da população era analfabeta e 26% plenamente alfabetizada. Dois terços da população se revezava entre os alfabetizados em nível rudimentar e básico. Pouco mais de uma década depois, os resultados da pesquisa mostram que o percentual de analfabetos caiu para a metade mas o de plenamente alfabetizados continua no mesmo patamar.
Agora os números!
- Analfabetos: mais de 11.500.000;
- Rudimentar: mais de 40.500.000;
- Básico: mais de 90.700.000;
- Pleno: menos de 50.200.00.
Surpreendentes 68% da população não têm condições plenas de ler uma matéria no jornal e formular uma ideia concisa sobre o assunto. No tocante aos cálculos um efeito prático surge no endividamento do brasileiro que atingiu recentemente nível recorde.
Alguém, um dia, citou que a maior dificuldade para o aculturamento do brasileiro é o clima. Com "clima" de verão o ano inteiro, fica difícil não ir para o barzinho com os amigos, ao final do expediente. Nos países do hemisfério norte temos a mesma relação. Pode ser que seja coerente esta afirmação, mas para termos certeza, melhor aguardar a criação de um indicador apropriado.
Se você teve dificuldades para ver que o número de brasileiros em condições de alfabetização rudimentar é de "mais de quarenta milhões e meio", então, pelo indicador, é neste grupo que você está enquadrado.
Muito além das críticas ao taylorismo, apontadas pela grande maioria dos professores, "Tempos modernos" apresenta o ponto de vista de Charles Chaplin da situação deplorável em que se encontrava o cidadão americano durante a grande depressão ocorrida pela inércia do governo aos efeitos da quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929.
Crítica ácida que só mesmo Chaplin conseguiria fazer ao "modo de
vida" pós crash da Bolsa, em 1929, Tempos modernos retrata, em seu
primeiro bloco, os efeitos causados pelas teorias (ou suas aplicações
práticas) criadas, e amplamente divulgadas à época, por Frederick Taylor
e sua "administração científica".
Em seu cerne, a teoria era
revolucionária e vinha para solucionar diversos problemas de desperdício
e perda de tempo e energia despendidos pelos trabalhadores. Entretanto,
a má aplicação por parte dos administradores distorceu completamente os
objetivos iniciais de Taylor. A confusão foi tamanha que Taylor teve
que se apresentar e explicar seus conceitos perante o congresso
americano.
O filme retrata a vida degradante do povo americano
frente a falta de atitude do governo aos efeitos do ocorrido na Bolsa,
anos antes. Chaplin, porém, não critica diretamente a Taylor e Ford, mas
ao empresariado em geral, que se aproveitou dos conceitos desses
grandes gênios para obterem mais lucro com menos despesas e esforços,
robotizando, em vez de especializar, seus empregados.
Pelo filme, o
ápice desse disparate não é o "enlouquecimento" do operário, sendo isto
uma consequência apenas dos exageros, mas a criação de uma máquina que
alimentaria o funcionário, evitando que ele tivesse que parar até mesmo
para as refeições.
Nos dias de hoje ainda somos obrigados a
conviver com diversos fatores apresentados pelo filme, principalmente
metas descabidas e impossíveis de serem atingidas ou, quando o são, a
custa de muito estresse. Fórmulas mágicas e técnicas mirabolantes também
continuam a permear o dia-a-dia de muitos "operários" dos "tempos
modernos" de hoje.
Claro que as Hoovervilles e o despreparo dos
"profissionais" à disposição no mercado também o são igualmente parte do
cotidiano. Mas isso é assunto para outra conversa.